Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


quarta-feira, 27 de abril de 2011

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De mel é o sabor das lembranças
trazidas de minhas andanças
pra enfeitar sua saudade
Eu trouxe canções e flores
e um paraíso de cores
pra pintar sua cidade.



O que me prendeu por aqui
foi seu sorriso franco
e esse doce no olhar
Eu vim pra demorar bem pouco menina
agora eu quero ficar.

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Poema: Zé Geraldo.
Arte: Antônio Mancini, young girl laughing.

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

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À esperança o meu relógio ofereci:
Dela uma âncora recebi.

Velho livro de orações dei-lhe de presente:
Retribuiu-me com uma lente.

Dei-lhe então um frasco de lágrimas antigas:
E ela, algumas verdes espigas.



Nada mais te trago, não aguento tua tardança -
O que eu queria era uma aliança.

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Arte: George Watts, Hope.
Poesia: George Herbert, Hope.

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terça-feira, 12 de abril de 2011

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Tudo mudou tão depressa em volta de nós: relações humanas, condições de trabalho, costumes...Até mesmo a nossa psicologia foi subvertida em suas bases mais íntimas. As noções de separação, ausência, distância, regresso, são realidades diferentes no seio de palavras que permaneceram as mesmas. Para apreender o mundo de hoje usamos uma linguagem que foi feita para o mundo de ontem, E a vida do passado parece corresponder melhor à nossa natureza apenas porque corresponde melhor à nossa linguagem.

Cada progresso nos expulsou para um pouco mais longe ainda de hábitos que mal havíamos adquirido; na verdade somos emigrantes que ainda não fundaram a sua pátria.

Somos todos bárbaros novos que ainda se maravilham com seus novos brinquedos. Não tem outro sentido nossas corridas de avião. Este sobe mais alto, aquele corre mais depressa. Esquecemos por que o fazemos correr. A corrida, provisoriamente, fica mais importante que o seu próprio objetivo. E sempre é assim mesmo.

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Texto: Saint Exupéry, Terra dos homens.

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quinta-feira, 7 de abril de 2011

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Quando acordei, a cidade falou.
Pássaros e relógios e campanários
Se alvoroçaram junto à multidão coleante,
O réptil corrompe numa chama
Os saqueadores e os ladrões do sono,
O mar da casa ao lado dispersou
As rãs e os demônios e a cigana,



Enquanto lá fora um homem, mergulhado
Até a cabeça em seu próprio sangue,
Degolava a manhã a navalhadas.

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Poema: Dylan Thomas, Quando acordei.
Arte: Candido Portinari, Painel Guerra.

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sábado, 2 de abril de 2011

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Nenhum amor atinge o seu mais alto grau
Enquanto a vista alheia teme, como um mal.



O amor é uma luz sempre crescente e constante;
Seu primeiro minuto após meio-dia é noite.

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Trecho: John Donne, preleção sobre a sombra.
Arte: Advard Munch, olhos nos olhos.

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