Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol...


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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Para cruzá-la ou não cruzá-la
eis a ponte

na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um pais

trago comigo oferendas desusadas
entre elas um guarda-chuva de umbigo de madeira
um livro com os pânicos em branco
e um violão que não sei abraçar

venho com as faces da insônia
os lenços do mar e das pazes
os tímidos cartazes da dor
as liturgias do beijo e da sombra

nunca trouxe tanta coisa
nunca vim com tão pouco

eis a ponte
para cruzá-la ou não cruzá-la
e eu vou cruzar
sem prevenções

na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país

Poema: Mário Benedetti

Cruzemos as pontes em 2011!

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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- Se ser neurótica é querer duas coisas ao mesmo tempo, então sou completamente neurótica.
Vou ficar voando de uma coisa para outra pelo resto da vida.

- Deixe que eu voe ao seu lado.

Texto: Sylvia Plath
Arte: Marc Chagall

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

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Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para meu sonho naufragar.



Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

Poema: Cecília Meireles
Arte: Jasper Johns

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Dedico esta postagem à todos os meus amigos e amigas
que por aqui passam, seguem, acompanham, comentam,
vocês são especiais e colorem minhas areias desertas.

Feliz Natal!

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

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Eu vou te dar alegria
eu vou parar de chorar
eu vou raiar um novo dia



Eu vou sair do fundo do mar
eu vou sair da beira do abismo
e dançar e dançar e dançar.

Poema: Arnaldo Antunes
Arte: Johanna Harmon

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

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Meu único e nobre coração tem testemunhas
Que despertarão tateantes em todos os países do amor;



E quando o sono cego gotejar sobre os sentidos em vigília,
O coração será sensual, ainda que cinco olhos se quebrem.

Poema: Dylan Thomas
Arte: Gustav Klimt

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão.



E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim.

Poema: Chico Buarque
Arte: Jorge Luis Alio

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Grito, fruto obscuro
e extremo dessa árvore: galo.



Mas que, fora dele,
é mero complemento de auroras.

Poema: Ferreira Gullar
Arte: Aldemir Martins

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Quando tomamos consciência de nosso papel, mesmo

o mais obscuro, só então somos felizes. Só então podemos

viver em paz e morrer em paz, pois o que da um sentido

à vida dá um sentido à morte.

(Saint Exupéry)

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

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Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos
Por tantas terras cheias de cavernas e colinas,
Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi,
E beijar seus lábios e segurar suas mãos;



Caminharemos entre coloridas folhagens,
E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo
As prateadas maçãs da lua,
As douradas maçãs do sol.

Poema: Willian Butler Yeats
Arte: Auguste Pierre Cot

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

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Sente-se diante da vitrola
E esqueça-se das vicissitudes da vida.



Na dura labuta de todos os dias
Não deve ninguém que se preze
Descuidar dos prazeres da alma.

Poema: Oswald de Andrade
Arte: Auguste Renoir

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